Mensagem do Monsenhor João Luiz Fávero
Administrador Diocesano da Arquidiocese de Campinas
Na festa do Natal nós celebramos, comemoramos e relembramos o nascimento de Jesus. Este fato aconteceu na cidade de Belém, na Judeia, onde o casal José e Maria foi para cumprir uma determinação do imperador Augusto, que ordenara o recenseamento de todo o império. José e Maria moravam na cidade de Nazaré, na Galileia, mas como ele era da família e descendência do rei Davi, subiram para Belém para cumprirem a determinação do imperador.
Maria estava grávida e, ao chegarem a Belém, completaram-se os dias para o nascimento da criança. Lembra o evangelista Lucas que Maria deu à luz o seu filho primogênito e ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa.
Acredito que todos saibam disso! Mas eu fiz questão de relembrar este fato porque ouço muito pouco, aliás quase nada, que se faça referência do Natal com o nascimento de Jesus. O Papai Noel é uma figura muitíssimo simpática, alegre e agradável, que nos lembra um grande santo da Igreja, São Nicolau, cuja festa celebramos no dia 06 de dezembro. A troca de presentes é, também, um costume saudável e gostoso, pois ao comprarmos o presente alimentamos o carinho que temos pelos outros.
Mas o Natal é de Jesus. E é essa a festa que devemos comemorar. A festa do Deus que se fez homem para que o ser humano se humanize. Uma das tentações que temos a superar em nossa vida é o desejo desumano de nos tornarmos deuses. Esse é um dos grandes ensinamentos que o nascimento de Jesus nos traz. Disse o teólogo Leonardo Boff sobre a encarnação de Jesus que “Humano assim, só mesmo sendo divino, e divino assim, só mesmo sendo humano”. Enquanto nosso desejo é nos tornarmos deuses, o próprio Deus se fez humano. Quis nascer do seio de uma mulher, no amor seguro de uma família e no meio da criação divina, como nos é retratado no presépio de São Francisco de Assis.
Uma das inspirações de Boff, certamente, foi o texto A Encarnação do Verbo, de São Leão Magno, que magistralmente diz: “Na encarnação do Verbo, a humildade foi acolhida pela majestade; a fraqueza, pela força; a mortalidade, pela eternidade. (...) Portanto, na íntegra e perfeita natureza de verdadeiro homem, nasceu o verdadeiro Deus, todo (Deus) no que lhe é próprio, todo (homem) no que é nosso”. Também como nos diz o poeta, “...Ele é a Eterna criança, o deus que faltava. / Ele é o humano que é natural, / Ele é o divino que sorri e que brinca. / E por isso que eu sei com toda a certeza / Que ele é o Menino Jesus verdadeiro. / É a criança tão humana que é divina”.
Se nós desviarmos o olhar do cerne de nossa vida, que é Jesus Cristo, certamente trilharemos caminhos perigosos que poderão nos fazer adorar outros deuses, por nós mesmos criados, que só nos levará à infelicidade, à ganância, ao individualismo... Vejam a situação política da cidade de Campinas, Limeira e tantas outras, com a corrupção assustadora e benefícios próprios incompatíveis com a decência, como o ocorrido em nossa Câmara Municipal. E diante de tantos desvios, Deus nos convida à conversão, atitude de quem reconhece a força desse Amor que se encarnou em nossa história e se reconcilia com Ele, com os irmãos e a natureza, se arrepende e volta para o Senhor e anda em seus caminhos na prática da justiça e do amor.
Que o verdadeiro espírito do Natal continue a iluminar a nossa vida, com muita saúde, paz, amor e alegria, para que nos fortaleça na construção da sociedade humana sonhada por Deus, sendo uma Igreja Acolhedora, Renovada e Solidária, eixos que norteiam o nosso Plano de Pastoral.
Um Feliz e Santo Natal! E um 2012 abençoado e no caminho do Senhor.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Monsenhor João Luiz Fávero
Administrador Diocesano da Arquidiocese de Campinas