21 abril 2010



Se poderia objetar que é impossível não julgar! É só lembrar o "pecado" de alguém e já se julgou. No entanto, São Francisco é muito nítido e insiste sempre de novo: "Se você ver um sacerdote indigno, não julgue, mas pense no Corpo do Senhor!" Para onde aponta essa atitude?
Julgar é uma maneira de ver ainda muito curta! O tom fundamental da espiritualidade franciscana é "contemplar", que é o contrário de julgar. Nós romantizamos o contemplar e o imaginamos como ficar de olhos abertos, elevados aos céus. Contemplar é ter um olho atento, penetrante, livre de preconceitos. É um olhar transparente, que ainda não foi tocado pelo pré-julgamento. É uma maneira de saber que não se classifica as coisas em bom ou ruim, mas se é capaz de esperar a revelação do que está diante de si.
Quando São Francisco convida a não julgar, está alertando para ir além do nível do julgamento que, no fundo, é sempre uma ilusão. Julgar "certo ou errado" é olho que não enxerga longe. O olho de contemplação, movendo-se na necessidade de julgar, busca um olhar mais disposto, onde não nos orientamos pelo que já sabemos, mas ficamos na prontidão de acolhida para uma revelação do essencial, que sempre está atrás das ilusões e aparece inesperadamente. Então, "não julgueis" não é uma proibição moral, mas um convite para o essencial, para tomar o modo de ser da fé, que é olho vivo.
Fonte : site reflexoes franciscanas

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