29 outubro 2011

O DIÁLOGO DE FRANCISCO COM O SULTÃO

El Espíritu de Asís: Diálogo de Francisco con el Sultán

Sábado 29 de Octubre de 2011 13:18

Um encontro Extraordinário:

O DIÁLOGO DE FRANCISCO COM O SULTÃO

O seguinte diálogo poderia ser parte de uma reflexão baseada em uma histórial do encontro de São Francisco com o Sultão Malek-el Kamil em Diametta em 1219. (Cf 1C 20:57, 2C 30, LM 9:5-9, LM 11:3).Outras fontes incluem os capítulos 16 e o capítulo 22.1-4 da Regra não bulada. Esta última as vezes está indicada como o Testamento de Francisco de 1219, escrito antes de sua partida para o oriente. Este contém uma visão do amor incondicional de Francisco tinha por todos, havia também aqueles tidos como "inimigos".

(Para o seguinte diálogo entre Francisco e o Sultão se predispõem dois pódios. A leitura do texto deve ser natural e não pomposa ou informal).

Sultão: – EStou surpreso que conseguiu superar as linhas de frente para chegar aqui, homem santo. 
Francisco:  - Também eu estou surpreso de conseguir te ver Senhor Sultão. Pensei que estava a sofrer a sorte dos mártires.

Sultão.: - Te garanto que não é impossível.
Francisco: - ¡E o martírio chega a um grande custo!
Sultão: - Por desgraça, ambos temos uma grande tradição de mártires. Tenho aprendido que o martírio nunca é uma virtude em si mesmo.

Francesco:- Feito. Irmãos estão buscando convencer a vocês e ao vosso povo por mais por mais de 5 anos de ceder a Fé em Jesus Cristo. Em Marrocos, faz mais de 3 anos que alguns pagaram o preço. por isto.
Sultão:- Aqueles que escutaram, eram terrivelmente insistentes na conversão dos marroquinos. Provocando uma sensibilidade das pessoas que, ao final obtiveram o martírio que buscaram.
Francisco: – É precisamente neste ponto que os mártires raramente tem o prazer de ter um grande diálogo com os seus adversários. Se conversarem entre sim aprenderão a respeitar-se mutuamente. O martírio seria tão arcaico assim como a construção das pirâmides. 

Sultão: – Porque veio dialogar?
Francisco: – Não vejo outro modo de chegar a um entendimento, e tu?
Sultão: – Mas para tentar intentar converter-nos à verdadeira Fé. Que coisas temos dito?     
Francesco:- A história de sua sabedoria procede. Esta entre nós, é amigo de nosso imperador, tem sede de conhecimento e da verdade. Sei que tem muito a me ensinar.
Sultão: - Então não veio para ensinar e sim aprender?
Francesco: Existe melhor professor do que aquele que está disposto a aprender?

Sultão:-¡ Por ser um pequeno homem me parece que você tem uma certa experiência sobre a sabedoria.

Francesco:- Não estou seguro. Vim aqui e tenho milhares de perguntas: por que os soldados foram tão amáveis comigo? Por qué permitiram atravessar todas as barreiras? Por que os presos oraram ao longo do trajeto? Porque tinha grãos num colar em suas mãos? Por qué se inclinaram diante de mim com reverência? Sua Fé me parece ser tão genuína?.
Sultão: – Sim, Sim, entendi. Tem um monte de preguntas.
Francesco:- É o que me atraiu até aqui. Uma pessoa sem preguntas, é um pessoa que tem olhos para ver. 
Sultão:- Pelo contrário sempre tenho pensado que vocês, os cristãos pensam que tem todas as respostas, ainda que supor , é difícil a risca o fanatismo hipócrita

Francesco:- Eu direi que a vossa resposta tem sinais de humildade, uma virtude muito querida pra mim. Para que construir respostas simples a perguntas complicadas?

Sultão: - Estamos lutando por defender nossas terras santas da profanação. 

O problema é que vocês creen que somos nós que as profanamos, se bem que estamos cientes a ideia de se pode recuperar o controle e perpetuar a profanação. E a batalha continua! e na teoria, com suficientes reservas de dinheiro e ódio, se poderia continuar esta batalhar, ante a um pagão atrás do outro. Quem é pagão na realidade? Até que nenhum permaneça à exceção de nós dois. A este ponto, De quem será a vitória?

Francisco:- ¿Que benefícios terá o ganhador?
Sultão:- Se ganhar, então estarei seguro de que Alá será louvado e que todas as pessoas o adorarão somente a ele. 
Francisco:- Então, me parece que neste caso não deseja a paz, senão só a vitória.

Sultão:- E qual a diferença? Se pode por fim a este terrível fratricídio, por que isso é o que é. O sabe? Se podemos parar esta matança sem sentido, teremos finalmente a Paz. 
Francisco:- Porém Sultão, não é possivel que em sua mente não creia que a Paz é uma simples vitoria, que uma "Vitória" pode eliminar os conflitos, e sabe bem que levará somente ao ódio e contínuas tentativas de vingança, e não a Paz. Você sabe que não nem paz e nem vitória quando uma das partes "ganha".     

Sultão:- Vejo que tenho adiante de mim um inimigo mais grande do que devia ter imaginado!
Francisco:- Tenho de frente só um irmão contra o qual combates.  
Sultão: - ¡ Se somente podemos atuar com consciência de que todos procedem do mesmo criador. Se somente podemos ver a um e a outro através do olhos do Grande Santo. .
Francisco:- Agora tuas palavras tem sentido. Finalmente deixou de falar de vitórias e está começando a falar da realidade.  
Sultão: Realidade? O sangue que vejo a cada dia é real, o correr dos filhos, das esposas e dos homens verdadeiros. Ainda que seus pensamentos antes da morte eram de ira o de raiva ou de justiça, posso assegurar que não foram estes seus últimos pensamentos. Durante a vida se deslizava fora e deve se perguntar: A que preço? A realidade é uma palavra proibida no campo de batalha. Se houvesse tido conta da realidade , nós não teríamos encontrado jamais dado estas trincheiras infernais, por que tudo seria dirigido da casa, daqueles ue amamos e queremos preservar de cada mau, e do qual no preocupamos. 

Francisco: – Um cuidado precário e enganoso, se me permite Sultão: Conversar para que? De que coisa? Por quanto tempo? Se não estamos em Paz com nosso Deus e não conhecemos a sabedoria do Amor ao próximo, a todo nosso próximo, não teremos jamais a segurança que vem só do amor a Deus e ao  próximo. Aprendi que a segurança chega só quando eu não tenho segurança, quando eu vivo o serviço ao próximo, através dos outros que desejam.
Sultão: - ¡Existe algo profundo neste altruísmo. Quando crescerá nossa consciência na ternura a tal ponto que teremos ações para evitar a miséria humana, no lugar da vingança das nossas consciências?

Francesco:-  Ao menos vejo que tu e eu temos um objetivo comum: manter Deus fora deste terrível combate em nome do Onipotente!.
Sultão:- Para que glorificar nossas batalhas, dizendo que algumas são ordens divinas?
Francesco:- Ao menos agora estamos falando de uma Paz verdadeira...
Sultão: – E da verdadeira vitória.
Francesco: – Quem ganha se o nosso Deus é derrotado?
Sultão:-  E Alá, pode afirmar uma vitória quando seus filhos e filhas são sacrificadas e estão agonizando?
Francesco:- Veja, você também tem perguntas. Se nosso somente nosso mundo tivesse a coragem de viver estas perguntas. Se o que você reconhece a meu Senhor e Maestro, como um grande profeta, e sei que sabe apreciar as santas palavras que nos ha deixado a menos que não morremos nós mesmo para viver para Deus e a nós, a menos que uma semente não cai na terra e morre, caindo no chão um grão de trigo, condenado a não dar frutos. 

Sultão:-  E se pelo contrário morre, realmente nasce uma vida nova.
Francisco: – Sim. O amor não morreu na cruz, simplesmente decidiu lutar, dando a luz a um amor sem fim.  
Sultão:- Um amor verdadeiro e eterno, amor do Criador, sustentando cada partícula preciosa do que o Criador concebeu. 
Francisco: -  ¿E o criado não se pode resumir, talvez em um palavra? Uma realidade: a Paz, um dos nomes de Deus.
Sultão: – Exato. Nosso diálogo me ajuda a crer que a Paz é possível. Por isto seja louvado Alá"

Francisco: – Sim, falar contigo me tem feito conhecer a bondade do Senhor, que é o bem mais grande que pode imaginar. Gostaria muito de fazer uma perguntas que abrem os horizontes impensados e permitem encontros inesperados, como o de ter conhecido uma pessoa valiosa como você.
Sultão:- São poucos os homens dos quais posso escutar esta palavras e confiar em sua sinceridade.
Francisco: – Sultão, sou um homem pobre. Não tenho nada para te oferecer senão a minha honestidade

Sultão: – Então te agradeço com toda humildade. Se não devia ter dado permissão de chegar até a mím neste acampamento, nesta noite, nunca havia compreendido como é precioso um cristão.
Francisco:-  ¿ Quem sabe o que podemos descobrir quando nos deixamos conhecer?.

Sultão:- ¿E que coisa significa conhecer se não fazemos uma viagem no que todos podemos fazer quando entramos no mistério de Alá, sempre mais do que cremos é possível e sempre menos do que supomos?

Francisco: -  Sim, existe um grande mistério e grandeza do nosso Bom Deus. O louvor surge espontâneo na boca daqueles que reconhecem a complexidade e simplicidade de nosso Deus. 
Sultão: – Que assim seja, juntos louvemos e conheçamos a nosso bom Deus e Misericordioso!.

Junto a Francisco e ao Sultão oremos:

«Tu és Santo, Senhor Deus único, que faz maravilhas

Tu és forte, tu és grande, tu és Altíssimo, tu és rei onipotente, tu és Pai Santo, rei do céu e da terra. 

Tu és uno e trino, Senhor Deus dos deuses,

Tu és o bem, todo bem, o sumo bem, Senhor Deus vivo e verdadeiro. 

Tu és amor, caridade; tu és sabedoria, tu és humildade, tu és paciência, tu és beleza, tu és mansidão, tu és segurança, tu és quietude.

Tu es gozo, tu és nossa esperança e alegria, tu es justiça, tu es temperança, tu és toda nossa riqueza e satisfação.

Tu és beleza, tu és mansidão.

Tu és proteção, tu és Superior e defensor nosso; tu és fortaleza, tu és refrigério. 

Tu és nossa esperança, tu és nossa Fé, tu és nossa caridade.

Tu és toda nossa doçura, tu és nossa vida eterna: Grande e admirável Senhor, Deus onipotente, misericordioso Salvador.

Tradução livre: Felipe Miranda

link:http://www.ciofs.org/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=481%3Aspirit-of-assisi-francis-dialogue-with-the-sultan&catid=50%3Acapitologenerale&Itemid=35&lang=es

No espírito de Assis

 

 

Card. Odilo P. Scherer, Arcebispo de São Paulo - SP e Presidente do Regional Sul 1 da CNBB


Escrevo estas linhas no dia de São Francisco de Assis, santo muito estimado por católicos e não-católicos. Alma sensível, coração límpido e sábio, poeta do “irmão sol” e da “irmã lua”, desprendido dos bens deste mundo e mendigo voluntário, mas rico por ter encontrado “meu Deus e meu tudo”, Francisco também se fez “irmão universal” e quis ser “instrumento da paz” de Deus para todos. Uma de suas mais insistentes recomendações aos confrades, que se agregaram a ele no mesmo ideal, referia-se à vida fraterna, com todas as conseqüências que isso traz.
Por esses e outros motivos, sua medieval e pequena Assisi apresenta-se ainda hoje como um dos lugares mais encantadores da Itália e continua a atrair todos os anos multidões de peregrinos, turistas e curiosos do mundo inteiro. Lá, a memória de S.Francisco convida a reviver a experiência, que ele viveu intensamente, irradiando paz e bem.
Não foi por outro motivo que o papa João Paulo II, em 27 de outubro de 1986, reuniu-se em Assis com líderes de várias religiões para um encontro de diálogo sobre a paz. Transcorria o Ano Internacional da Paz, celebrado pela ONU, e o Papa queria destacar a dimensão espiritual da paz e refletir, com os representantes das religiões, sobre a responsabilidade comum de orientar as crenças religiosas pessoais e comunitárias para a construção efetiva da paz; lamentava que, infelizmente, a religião era instrumentalizada com frequência para gerar violência e alimentar conflitos.


Sem cair no sincretismo, nem relativizando as crenças de cada religião, João Paulo II quis mostrar que era possível as religiões conviverem em paz e serem instrumentos de edificação da concórdia nas comunidades e entre os povos. Os anos sucessivos comprovaram a importância dessa intuição e como, de fato, é preciso que todas as religiões condenem com firmeza o terrorismo e se oponham com lucidez e coragem ao uso ideológico da religião, transformada em fonte de ódio e violência; isso seria trair a sua finalidade genuína e grave ofensa a Deus. Ninguém honra a Deus, fazendo violência ao próximo em seu nome!


Passados 25 anos desde aquele memorável evento, no próximo dia 27 de outubro, o papa Bento XVI vai repetir o encontro com líderes religiosos de todo o mundo para manter vivo o “espírito de Assis”. Também estarão presentes homens de ciência e cultura, além de personalidades que se definem não-crentes. Todos irão ao túmulo do pobrezinho de Assis como “peregrinos da verdade, peregrinos da paz” – este será o lema do encontro.
O peregrino, por vezes, avança com fadiga, mas segue caminhando com alegria e esperança, fascinado pela meta do seu peregrinar... As pessoas de fé sabem que todas as metas de peregrinações neste mundo são simbólicas e o coração intui que o termo do peregrinar está além, muito além do ponto em que já chegou. O homem é peregrino da verdade, do bem, do belo e da paz; e continua a caminhar, a perscrutar o horizonte da existência, ávido de luz, ansioso por enxergar e encontrar repouso para suas buscas.


A proposta do novo encontro de Assis é a busca sincera da verdade, na abertura atenta ao próximo. Em outros tempos, o “próximo“ estava geograficamente perto; com a globalização, a humanidade inteira transformou-se em sujeito de convivência. No entanto, como constata o papa Bento XVI, se é verdade que a globalização nos avizinhou mais, ela não nos fez mais fraternos (cf Caritas in Veritate n. 19). É preciso ir além do viver uns ao lado dos outros, para conviver com os outros, abrindo espaço no coração para que nossos semelhantes possam tomar parte de nossas alegrias, preocupações e esperanças.


A religião é caminho para o encontro do homem com o bem, o amor e a verdade – com o mistério de Deus; se ela cumprir esse papel, também ajudará a edificar a paz. Mas se, ao contrário, a religião não leva ao encontro com Deus, ou faz de Deus um objeto de manipulação dos desejos e projetos humanos, ela se desvia de sua finalidade e pode colocar em risco a paz. Nenhuma religião está isenta desse risco; por isso, as pessoas de religião são convidadas a se deixarem purificar sempre mais pela verdade, a exemplo de S.Francisco, transformando-se em instrumentos da paz. O desprezo à verdade leva a passar por cima da dignidade das pessoas, à soberba obcecada, ao triunfo da violência. E tudo isso está muito longe de Deus.


Bento XVI, falando sobre o tema, convidou os líderes de religiões a prosseguirem nos esforços comuns pela paz. Desde o primeiro encontro, em 1986, muitas iniciativas de reconciliação e de paz já aconteceram. No entanto, também houve muitas ocasiões perdidas e retrocessos! Velhos conflitos, ocultos como brasa debaixo da cinza, explodiram novamente em terríveis atos de violência e pareceram sufocar a possibilidade da paz.


São Francisco, homem de paz, convidava a colocar Deus no centro do viver humano. Assim fazendo, ele próprio podia amar com liberdade e desapego cada criatura, valorizar cada pessoa, ir ao encontro do leproso e do pobre, falar com o lobo o e ladrão, dialogar com aqueles que, antes, queria combater...


O campo onde prospera o desejado fruto da paz precisa ser cultivado sem parar; é tarefa constante e nunca está plenamente realizada: a edificação da convivência pacífica entre os homens requer o testemunho e o esforço comum de todos aqueles que buscam a Deus de coração sincero.

Publicado em O Estado de São Paulo, ed. de 08.10.2011