02 abril 2010

Cântico do irmão Sol ( ou Cântico das criaturas)

( Quase cego, sozinho numa cabana de palha, em estado febril e atormentado pelos ratos,

São Francisco deixou para a humanidade este canto de amor ao Pai de toda a Criação.

Na penúltima estrofe, que exalta o perdão e a paz, foi composta em julho de 1226 no palácio episcopal de Assis, para por fim a uma desavença entre o Bispo e o Prefeito da cidade. Estes poucos versos bastaram para impedir a guerra civil.

(A ultima estrofe, que acolhe a morte, foi composta no começo de outubro de 1226)



Altíssimo, onipotente e bom Deus,

Teus são o louvor, a gloria, a honra,

E toda a benção.



Só a Ti, Altíssimo, são devidos,

E homem algum é digno

De Te mencionar.



Louvado seja meu Senhor,

Com todas as Tuas criaturas,

Especialmente o irmão Sol,

Que clareia o dia

E com sua luz nos ilumina.



Ele é belo e radiante,

Com grande esplendor

De Ti, Altíssimo é a imagem.



Louvado seja meu Senhor

Pela irmã Lua e as Estrelas,

Que no céu formastes claras,

Preciosas e belas.



Louvado sejas meu Senhor, pelo irmão vento,

Pelo ar ou neblina,

Ou sereno ou de todo tempo

Pelo qual as Tuas criaturas daí sustento.



Louvado sejas meu Senhor,

Pela irmã Água

Que é muito útil e humilde

Preciosa e casta.



Louvado sejas meu Senhor,

Pelo irmão Fogo,

Pelo o qual iluminas a noite

E ele é belo e jucundo

vigoroso e forte.



Louvado sejas meu Senhor

MENSAGEM DA MINISTRA REGIONAL - SUDESTE III SOBRE A PÁSCOA

 

Posted: 30 Mar 2010 06:31 PM PDT

A caminho da Festa da Ressurreição ...
A celebração do Domingo de Ramos abriu-nos as portas da semana-caminho para a festa da Páscoa da Ressurreição.
Após ter entrado no coração de cada um, como fez um dia em Jerusalém, Jesus de Nazaré, nos convida a sentarmos a seu lado, junto com seus “amigos”, à mesa da refeição, para novamente, nos oferecer, além do Pão da Vida, o exemplo surpreendente de humildade e de serviço, quando repete, agora, o gesto inaugurado na derradeira Ceia: lava os pés dos irmãos. “Ama-os até o fim” – ama-nos por toda a eternidade! Era a festa da Páscoa Judaica, é a festa da nova e definitiva Aliança do Criador com as criaturas!

Mas Jesus, não nos convida apenas para festa, como também fez outrora, Ele nos chama a subir o Getsemani e diante de nós, se mostra divinamente humano quando pede ao Pai que lhe afaste o cálice do sacrifício.
Ele nos leva ao palácio de Pilatos e, de novo, o “eu não sei quem ele é”, hoje dito por nós, ecoa em seus ouvidos para ferir-lhe o coração como o chicote machucou o seu corpo.
Ele nos atrai para o caminho do Calvário e, por um momento, nos oferece a oportunidade de ajudá-lo a carregar a cruz, a parte mais leve, porque a mais pesada, a do amor não correspondido, esta Ele carrega sozinho e, nós não entendemos ... nem sempre aceitamos. Apresenta-nos a um grupo de mulheres, que à margem do caminho chora a sorte do justo, em nada diferente de nós hoje.
Mas, sobretudo, chama-nos a atenção para aquela, que lhe enxuga o rosto chagado e cansado , com o “véu da ternura e do cuidado”. E, finalmente, à sombra da soledade da Paixão, nos apresenta o mais amargo, o mais sofrido e o mais difícil encontro de olhares que o mundo já testemunhou: os olhos da Mãe e do Filho se misturam e cada coração derrama no coração do outro a própria dor, a dor do sim à vontade divina.

Finalmente, chegamos com Ele, no topo do Gólgota, de onde se abre a porta para a verdadeira vida. A noite cai ... mas o dia vem! Das trevas nasce a luz e, de novo, somos convidados para a festa: a Festa da Luz. “Eu sou a Luz”, havia dito Jesus.
Luz para o mundo, para todos os tempos, para cada época, para cada homem, para cada mulher.
Querido irmão, querida irmã, mais uma vez estamos diante da realidade central da nossa fé, a Ressurreição do Senhor.
Vamos celebrar com muita alegria, unidos na caridade e no compromisso de jamais, a exemplo de Maria, João e das santas mulheres, abandonar o pé da cruz e de proclamar a Vitória da Vida, com toda a força da nossa alma, com o vigor da nossa palavra e com o testemunho das nossas obras, em todas as encruzilhadas: na família, na Igreja, no trabalho, na sociedade, em fim, onde nossa realidade de franciscanos seculares conseguir atingir.

Como mãe e os abençôo, pedindo a Deus que nos alcance a graça de ressuscitar para sempre do pecado da tentação de “servir a dois senhores”.
Fraternalmente.
Maria Bernadette Nabuco do Amaral Mesquita
(Ministra Regional)

SEXTA-FEIRA SANTA

1. Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor - Único dia durante o ano em que não se celebra missa, apenas distribui-se a comunhão. Nesta celebração somos convidados a compreender e a viver mais profundamente o mistério da cruz: o sofrimento e a morte assumidos por Cristo foram em vista da nossa salvação. A Paixão segundo o Evangelho de João apresenta a cruz como glorificação de Jesus, ela é sinal de salvação e de vitória (cf. Jo 3, 14).


A Cruz é símbolo de Cristo e da vida nova que ele nos oferece, por isso, ao reverenciarmos a cruz nós estamos adorando o próprio Redentor. A Oração Universal rezada nesta celebração nos faz lembrar que Cristo veio para que todos, sem distinção, tivessem vida em abundância.


SUGESTÕES PARA A CELEBRAÇÃO E A VIVÊNCIA DA LITURGIA
a) Criar clima de silêncio; o altar deve estar despojado, ou seja, sem cruz, sem toalha, sem candelabros, etc.; o Evangelho pode ser dialogado (assim como no domingo de Ramos ao ler a Paixão não se faz à saudação - O Senhor esteja convosco); a cruz (descoberta) pode entrar em procissão, trazida pelo presidente acompanhado com velas acesas enquanto canta três vezes "Eis o lenho da cruz..." - depois todos vão fazer a "adoração"; o modo comum é aquele em que o presidente coloca-se no altar (ou na frente do altar) com a cruz coberta (pano vermelho ou roxo) e aos poucos vai descobrindo-a (primeiro a parte de cima, depois o lado direito e por fim toda) enquanto canta "Eis o lenho da cruz..."; no momento da Adoração deve-se cantar algo apropriado, ou seja, cantos que lembrem o sacrifício de Cristo na cruz.
Lembretes: preparar antes uma toalha e o corporal para o momento da comunhão; esta celebração geralmente é feita às três da tarde (pode ser realizada mais tarde, porém não depois das nove da noite); pode-se organizar uma via-sacra ou caminhada silenciosa; convidar a todos para que depois da oração final retirar-se em silêncio. A cor é vermelha. Neste dia não se celebra a Eucaristia.
b) Guarda-se o jejum e a abstinência.
c) Só se celebram nestes dias os sacramentos da Unção dos enfermos e da Confissão.
d) Prepara-se tapete e almofadas para os sacerdotes (presidente e concelebrantes).
e) Os sacerdotes prostam-se, os demais ministros, coroinhas e povo ajoelham-se.
f) Prepara-se uma cruz que deve ser esplendorosa coberta com um véu vermelho e dois castiçais com velas (na credencia no fundo igreja).
g) Durante a adoração e o beijo devocional, canta-se hinos apropriados e salmos.
h) Depois da comunhão proceda-se à desnudação do altar, deixando a mesma cruz no centro do altar, com quatro castiçais.
i) Pode-se fazer até a hora da procissão do Senhor Morto a via-sacra.
j) Tendo a procissão do Senhor Morto, pode-se deixar o esquife a veneração pública, juntamente com a imagem de Nossa Senhora das Dores. Na procissão recomenda-se silêncio e orações e também o uso das matracas, bem como um carro de som com canto gregoriano, ou cantos penitenciais.


Na credencia:
a) Missal
b) Lecionário
c) Toalhas para o altar
d) Jogos completos de alfaias
e) Purificatório
f) Velas para o altar.
g) Âmbulas

2. PARALITURGIAS E PIEDADE POPULAR
Sexta-feira Santa: Sermão das 7 Palavras, descimento do Senhor Morto da cruz e procissão do Senhor morto (Em alguns lugares o povo tem a tradição de dar um beijo na imagem do Senhor morto.) É mais uma oportunidade para evangelizar, fazendo com que a devoção seja mais significativa, através dos vários grupos, movimentos, pastorais, etc. Destacar e dar um significado ao beijo das crianças, dos jovens, dos casais, dos homens e das mulheres, dos idosos, dos doentes, etc. Uma pequena paraliturgia pode ser preparada para este momento, com cânticos penitenciais e fazendo uma ligação com a Campanha da Fraternidade 2010.

3. MOMENTOS FORTES:
Elementos da Celebração
O elemento fundamental e universal da liturgia desse dia é a proclamação da Palavra, uma vez que a Igreja, por antiquíssima tradição, não celebra hoje a eucaristia. A celebração compõe-se de três partes:
a) A liturgia da Palavra
O evangelho, conforme uma longa tradição é o da Paixão segundo S. João (Jo 18,1-19.42). A Igreja reserva para este dia precisamente pela perspectiva com que o apóstolo apresenta a vida e a morte de Jesus.
A primeira leitura é o texto do profeta Isaías que narra a passagem do servo sofredor ( Is 52,13-53,12). É um trecho do quarto cântico do Servo de Javé. Com esta leitura é oferecida a imagem do Cristo sofredor, conduzido ao matadouro como uma ovelha muda, carregando todos os nossos pecados, causa da nossa justificação.
O Salmo responsorial é tirado do Sl 30, cujo versículo 6 Jesus pronunciou na cruz (Lc 23,46) "... Sou o opróbrio dos meus inimigos... Confio em ti, Senhor... Fazes brilhar tua face sobre teu servo...? A liturgia atribui a Jesus o Salmo inteiro, encontrando nele a descrição de sua paixão e de seu pleno abandono nas mãos do Pai.
A Segunda leitura, é proclamado um trecho da carta aos Hebreus ( 4,14-16;5,7-9). Ela nos mostra Cristo obediente que se torna causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.


A.1) Oração Universal
Depois da leitura da Sagrada Escritura e da homilia, a liturgia da Palavra termina com as orações solenes (= Oração universal) segundo o esquema da antiga prece litúrgica: convite, intenções, prece em silêncio, "coleta" (= oração das preces por parte do presidente da assembleia).
São 10 súplicas: pela Igreja, pelo papa, pelas ordens sagradas e por todos os fiéis, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos não cristãos, pelos que não creem em Deus, pelos governantes e pelos atribulados...
Podemos assinalar a teologia que emerge do lugar que essas orações solenes ocupam depois da proclamação da palavra de Deus. A assembleia, iluminada pela palavra, abre-se à caridade orando pelas necessidades atuais, começando pela Igreja e assim por diante.


b) A adoração da Santa Cruz
Não se oferece o sacrifício eucarístico na Sexta-feira santa. Em lugar da eucaristia fazem-se a apresentação e a adoração da cruz. A atenção da Igreja se fixa no calvário. É um rito que nasce como consequência da proclamação da paixão de Jesus. Há nesta veneração o antigo costume de mostrar aos fiéis a cruz, descobrindo-a progressivamente enquanto se canta, três vezes, o Ecce lignum crucis (eis o lenho da cruz), ao que o povo responde: "Vinde, adoremos!" Para a adoração da cruz, aproximam-se os cristãos que exprimem sua adoração pela genuflexão, pelo beijo ou por outros sinais adequados. Ao terminar a adoração, põe-se a cruz sobre o altar, que é símbolo do sacrifício e sacerdócio de Jesus Cristo. A assembleia contempla seu Senhor (Jo 19,37).

C. Liturgia da comunhão
Terminada a liturgia da adoração da cruz, cobre-se o altar com uma toalha e traz-se o Santíssimo Sacramento. O presidente da assembleia adora-o, fazendo uma genuflexão. Pronuncia-se o Pai Nosso e o embolismo seguido da aclamação do povo, como nas missas. Em seguida dá-se a comunhão à comunidade.
Podemos dizer que o significado desta comunhão fundamenta-se em São Paulo, que alude a uma relação profunda e misteriosa entre a comunhão sacramental e a paixão e morte de Cristo. Na 1Cor 11,26 ele lembra: "Todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha." A Eucaristia também é participação da morte de Cristo (1Cor10,15-16).
A solene ação litúrgica da paixão e morte do Senhor termina com a oração pós comunhão, que é uma ação de graças pela nova vida que o Pai nos comunicou pela "morte e ressurreição" de seu Filho, e logo em seguida, a oração sobre o povo que menciona junto a morte e a ressurreição, pedindo que "venha o vosso perdão, seja dado o vosso consolo; cresça a fé verdadeira e a redenção se confirme", e o povo se retira em silêncio após esta bênção.


4 - O jejum pascal
Nesse dia observa-se o jejum chamado "pascal", porque nos faz reviver a passagem ("transitus") da paixão à alegria da ressurreição. É um sinal exterior da participação interior do sacrifício de Jesus (2Cor 4,11), e também como sinal de que chegamos aos dias em que nos tiraram o Esposo (cf. Lc 5,33-35). A tradição desse jejum é antiquíssima, atestada por Tertuliano e Hipólito que, em Roma, a celebração anual da Páscoa começava com o jejum da Sexta-feira santa e prolongava-se durante todo o Sábado, até a celebração da Vigília na noite entre o Sábado e o Domingo.


A Sacrossanctum Concilium, a constituição sobre a liturgia, prescreve: "Sagrado seja o jejum pascal, a se observar na Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor e, se for oportuno, a se estender também ao Sábado Santo, a fim de que se chegue com o coração livre e aberto às alegrias do Domingo da Ressurreição?” (SC 110). O jejum pascal não é um elemento secundário, mas parte integrante da celebração do tríduo pascal.