05 maio 2010

Luquésio e Buonadonna

 

Geralmente o casal de Bem-aventurados, Luquésio e Buonadonna, são considerados os “primeiros terciários”. Mas um autor atual diz que “essa tradição” não é certa. Para alguns, eles foram os primeiros a alcançar a glória do altar, pois em Poggibonsi, o culto dos Bem-aventurados Luquésio e Buonadonna começou logo depois da morte deles.


Luquésio nasceu em Gaggiano. Como jovem sonhou com as armas e a glória militar. A princípio pertenceu ao partido dos Gibelinos (do imperador); mas, por interesse comercial passou ao partido dos Guelfos (do Papa). Casou-se com Buonadonna, natural de Poggibonzi, onde foram morar.


Ambos eram apegados aos bens materiais, principalmente ao dinheiro. Trabalharam no comércio; emprestaram dinheiro aos ricos e nobres e tornaram-se muito ricos. Buonadonna, sentia-se feliz vendo o marido prosperar, mas esta felicidade ilusória, no luxo e no conforto, resultou no afastamento de Deus. Nem sempre seus negócios eram honestos.


Aconteceu uma crise de víveres e Luquésio prevendo-a, comprou todo o estoque de trigo, e como único possuidor do produto, elevou os preços e teve lucros extraordinários.


Mas estranho: no momento de gozar o que tanto almejara, sentia-se insatisfeito. Por que? Se perguntava. Naquela época, S. Francisco andava pregando na região e todos comentavam que, sendo ele filho de um rico comerciante, tudo abandonou: fazia penitência e falava sobre o Reino de Deus. Sua atitude impressionou a Luquésio que desejou falar-lhe; e a oportunidade logo surgiu com a ida de S. Francisco a Arezzo, uma hora de Poggibonzi. Vai ouvi-lo na praça pública e parece que suas palavras lhe são dirigidas: “Não façais caso do dinheiro, pois ele nos afasta de Deus, tornando-nos infelizes... daí aos pobres ao invés de amontoar riqueza; amai a pobreza por amor a Cristo, e Ele vos restituirá a alegria...” Ao final da prática, Luquésio procura S. Francisco e expõe-lhe sua vida.


S. Francisco diz que ele recebeu uma grande graça e a ela devia corresponder. – O Senhor abriu-lhe os olhos – Luquésio voltou em paz para sua casa e resolveu mudar de vida! – verificou seus livros, providenciou a venda de suas casas e fazendas, e quando recebia o dinheiro ia levá-lo a quem tinha sido injusto ou avarento; e repartia com os pobres sua riqueza.
Mas isto não agradou a sua esposa, que nada compreendia e não se conformava. Luquésio, como bom marido, teve muita paciência com ela, rezou muito por ela e afinal o momento da graça de sua conversão chegou.

Certo dia, em que a afluência dos pobres foi muito grande, Buonna abriu a arca de pão para a mesa e verificou que estava vazia. Luquésio lhe pede alguns pães para aquela gente. Ela se irrita, mas Luquésio não perde a calma dizendo que não pode despedir aqueles pobres de mãos vazias e lhe diz: “Pensa naquele que com 5 pãezinhos e 2 peixes saciou a fome de milhares de pessoas. Vai pensando Nele e traze-me os pães”. Buonna, quase inconscientemente abre novamente a arca e com grande susto vê uma quantidade de pães frescos... E a luz de Deus a ilumina. Toma os pães e os leva aos pobres. Pede perdão ao marido por sua atitude anterior e diz que também quer servir a Deus. A seguir, ambos procuraram S. Francisco e manifestaram seu desejo de seguir o gênero de vida dos irmãos, mas como casados não sabiam como fazer.


A Providência Divina os encaminhou no momento certo, por S. Francisco, pouco antes, se havia encontrado com o Cardeal Hugolino, para acertar as bases da fundação de uma Ordem Terceira, na qual os casados poderiam servir a Deus, com perfeição. Unidos em Fraternidade, sob a obediência de um Diretor e uma Regra de Vida, seria mais fácil a santidade.

Luquésio e Buonadonna, daí em diante foram andando juntos, no verdadeiro amor cristão, na pobreza franciscana e na mais impressionante harmonia conjugal. Distribuíram todos os seus bens aos pobres e descobriram a mais profunda alegria evangélica, na vivência do seu carisma franciscano.


Um conhecido francisconólogo leigo, da O.F.S. conta o fim de Luquésio e Buonadonna: “Deus fez com que esses esposos, que foram unidos em vida, permanecessem unidos na morte. Em abril de 1250, Luquésio teve de ficar de cama, quando de repente Buonadonna ficou também doente. Isso afetou tanto o marido, que a sua doença agravou-se. Assim mesmo conseguiu levantar-se para ajudar a sua mulher a receber o sacramento dos enfermos. Pegou na mão dela e lhe disse: - “Querida, já que tanto nos amamos em vida, por que não vamos juntos para a pátria eterna? Por isso espera-me, por favor!” E ele voltou para sua cama, chamou o Pe. Hildebrando, seu amigo, que estava deixando a casa, e pediu lhe administrasse também o sacramento dos enfermos. Vendo, então, que Buonadonna estava morrendo, Luquésio fez o sinal da cruz, invocou, pela última vez a Virgem Maria e S. Francisco e, os dois juntos, entregaram sua alma a Deus”.


Pela força do seu exemplo, o casal converteu a maior parte da população da cidade. O Papa Inocêncio XII, em 1694, beatificou os dois. A Liturgia Franciscana os recorda no dia 28 de abril.

Trecho do artigo: Ordem Franciscan Secular [sic]. Disponível em http://www.matrizsaofrancisco.com.br/temasview.php?id=9&PHPSESSID=853d0459b115039a054e21df0135a710 acesso em 27 abr. 2010.

Ilustração: San Lucchese / Memmo di Filippuccio. Séc. XIV. Poggibonsi, Itália : Convento di San Lucchese. Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:S_lucchese.jpg acesso em 27 abr. 2010.

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