11 agosto 2010

Santa Clara, exemplo de fidelidade

Santa Clara de Assis, exemplo de fidelidade

Frei Jean Ajluni, OFM

 

Hoje, sem dúvida alguma, podemos dizer que vivemos num mundo volátil; as situações mudam com uma velocidade impressionante, mudanças estas que muitos encaram como evolução. Mal adquirimos um objeto, já estamos pensando em como “passar pra frente” para adquirir outro mais moderno, ou mais evoluído.

Por incrível que pareça, este movimento de querer “passar pra frente” para conseguir sempre o mais novo, o mais cômodo, o mais belo, não se limita apenas às coisas e objetos. Se pararmos para pensar, nossa vida também entrou nesta dinâmica, vivemos o hoje pensando no que podemos encontrar de ‘novo’ amanhã, vivemos uma situação atual na expectativa que ela mude, mesmo que vivamos num bom momento, no fundo pensamos que sempre poderia ser melhor, ou o melhor está por vir.

Esta expectativa gera uma escravidão, a maioria das pessoas não está contente com suas escolhas, com seus casamentos, com seus trabalhos, com seus objetos, com sua aparência, enfim, com sua vida... Estão sempre na espera do que poderia ser melhor que não acaba nunca.

Então, nos colocamos a pergunta, o que é “fidelidade” hoje? Onde está a fidelidade? Porque ser fiel? Pois como posso trocar por um novo se sou fiel ao que já tenho?

Portanto, só seremos fiéis quando nos dermos conta, que o que nós temos, ou que nós somos é o melhor que poderíamos ter e ser. Quando o nosso amor superar em tudo, todo e qualquer outro interesse que venha competir com aquilo que amamos. Quando nossos ouvidos conseguirem se fechar as vozes que encantam e, ouvir somente a voz do que realmente amamos, do que é vital para nós, o centro de nossa vida.

Sendo assim, podemos vislumbrar o exemplo de Santa Clara, ela que se separou do mundo, se desprendeu de todos os vínculos que a poderiam impedir de estar inteiramente com seu amor, pelo poder libertador da vida pobre e decididamente foi fiel, não dando ouvido a outras vozes, mesmo enfrentando incompreensões e contrariedades, simplesmente foi fiel, pois sabia em quem depositou sua confiança, sabia que o seu tesouro era mais precioso do que qualquer outro tesouro, um amor assim tão grande que nenhum outro poderia competir, e quem poderia ser este amor, senão o próprio Deus.

Santa Clara exorta a Inês de Praga a abraçar o Cristo Pobre quando surgirem os desafios. Não haveria exortação mais sábia, pois abraçar o Cristo é colocá-lo como centro de tudo, abraçar o Cristo é querer ter apenas n’Ele a força, coragem, a vida; abraçar o Cristo é lembrar que Ele sendo Deus é fiel, pois suportou humilhação e sofrimento e foi fiel até a morte.

É de Deus então que procede o vigor que tornou Santa Clara fiel, é d’Ele que procede o vigor que pode nos transformar de  infiéis em servos fiéis. E só conseguiremos ser plenamente fiéis na medida em que O amarmos e colocarmos Deus como Tudo em nossa vida, quando o abraçarmos...(Deus Meus ET Omnia, meu Deus e Meu Tudo. S. Francisco).

O Evangelho em outras palavras nos diz a mesma coisa, quando se refere ao matrimônio, “Portanto não separe o homem o que Deus uniu” ( Mt 19,6 ). Quem une em matrimônio duas pessoas que se amam senão o próprio Deus? Ele é o centro também da vida matrimonial, e como já foi dito, é o próprio Deus que nos possibilita a fidelidade, pois não há maior amor do que Deus, que é o próprio amor. Quantos casais hoje em dia, não se separariam se colocassem Deus como quem realmente os une, como centro de suas vidas. Talvez, Santa Clara pudesse também dizer hoje aos casais, como disse a Inês, abracem o Cristo, nos momentos de crise, dificuldades e ventos contrários, pois é Deus quem os uniu.

Peçamos a Deus por intercessão de Santa Clara que Ele seja o centro de nossas vidas e que o possamos amar incondicionalmente acima de tudo. Eis aí, o segredo da Fidelidade.

fonte:http://www.franciscanos.org.br/rondinha/artigos/2010/031.php, acesso dia 11 de agosto 17h

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