18 novembro 2011

SANTA ISABEL DA HUNGRIA PADROEIRA DA OFS

 

SANTA ISABEL DA HUNGRIA, padroeira da Ordem Terceira
Diz a lenda que Isabel foi invocada mesmo antes de nascer. Um vidente anunciou seu glorioso nascimento como estrela que nasceria na Hungria, passaria a brilhar na Alemanha e se irradiaria para o mundo. Citou-lhe o nome, como filha do rei da Hungria e futura esposa do soberano de Eisenach (Alemanha).
De fato, como previsto, a filha do rei André, da Hungria, e da rainha Gertrudes, nasceu em 1207. O batismo da criança foi uma festa digna de reis. E a criança recebeu o nome de Isabel, que significa repleta de Deus.
Ela encantou o reino e trouxe paz e prosperidade para o governo de seu pai. Desde pequenina se mostrou de fato repleta de Deus pela graça, pela beleza, pelo precoce espírito de oração e pela profunda compaixão para com os sofredores.
Tinha apenas quatro aninhos quando foi levada para a longínqua Alemanha como prometida esposa do príncipe Luís, nascido em 1200, filho de Hermano, soberano da Turíngia. Hermano se orientava pela profecia e desejava assegurar um matrimônio feliz para seu filho.
Dada a sua vida simples, piedosa e desligada das pompas da corte, concluíram que a menina não seria companheira para Luis. E a perseguiam e maltratavam, dentro e fora do palácio.
Luis, porém, era um cristão da fibra do pai. Logo percebeu o grande valor de Isabel. Não se impressionava com a pressão dos príncipes e tratou de casar-se quanto antes. O que aconteceu em 1221.
A Santa não recuava diante de nenhuma obra de caridade, por mais penosas que fossem as situações, e isso em grau heróico! Certa vez, Luis a surpreendeu com o avental repleto de alimentos para os pobres. Ela tentou esconder... Mas ele, delicadamente, insistiu e... milagre! Viu somente rosas brancas e vermelhas, em pleno inverno. Feliz, guardou uma delas.
Sua vida de soberana não era fácil e freqüentemente tinha que acompanhar o marido em longas e duras cavalgadas. Além disso, os filhos, Hermano, de 1222; Sofia, de 1224 e Gertrudes, de 1227.

Estava grávida de Gertrudes, quando descobriu que o duque Luis se comprometera com o Imperador Frederico II a seguir para a guerra das Cruzadas para libertar Jerusalém. Nova renúncia duríssima! E mais: antes mesmo de sair da Itália, o duque morre de febre, em 1227! Ela recebe a notícia ao dar à luz a menina.
Quando Luis ainda vivia, ele e Isabel receberam em Eisenach alguns dos primeiros franciscanos a chegar na Alemanha por ordem do próprio São Francisco. Foi-lhes dado um conventinho. Assim, a Santa passou a conhecer o Poverello de Assis e este a ter freqüentes notícias dela. Tornou-se mesmo membro da Familia Franciscana, ingressando na Ordem Terceira que Francisco fundara para leigos solteiros e casados. Era, pois, mais que amiga dos frades. Chegou a receber de presente o manto do próprio São Francisco!
Morto o marido, os cunhados tramaram cruéis calúnias contra ela e a expulsaram do castelo de Wartburgo. E de tal forma apavoraram os habitantes da região, que ninguém teve coragem de acolher a pobre, com os pequeninos, em pleno inverno. Duas servas fiéis a acompanharam, Isentrudes e Guda.
De volta ao Palácio quando chegaram os restos mortais de Luís, Isabel passou a morar no castelo, mas vestida simplesmente e de preto, totalmente afastada das festas da corte. Com toda naturalidade, voltou a dedicar-se aos pobres. Todavia, Lá dentro dela o Senhor a chamava para doar-se ainda mais. Mandou construir um conventinho para os franciscanos em Marburgo e lá foi morar com suas servas fiéis. Compreendeu que tinha de resguardar os direitos dos filhos. Com grande dor, confiou os dois mais velhos para a vida da corte. Hermano era o herdeiro legitimo de Luis. A mais novinha foi entregue a um Mosteiro de Contemplativas, e acabou sendo Santa Gertrudes! Assim, livre de tudo e de todos, Isabel e suas companheiras professaram publicamente na Ordem Franciscana Secular e, revestidas de grosseira veste, passaram a viver em comunidade religiosa. O rei André mandou chamá-las, mas ela respondeu que estava de fato feliz. Por ordem do confessor, conservou alguma renda, toda revertida para os pobres e sofredores.
Construiu abrigo para as crianças órfãs, sobretudo defeituosas, como também hospícios para os mais pobres e abandonados. Naquele meio, ela se sentia de fato rainha, mãe, irmã. Isso no mais puro amor a Cristo. No atendimento aos pobres, procurava ser criteriosa. Houve época, ainda no palácio, em que preferia distribuir alimentos para 900 pobres diariamente, em vez de dar-lhes maior quantia mensalmente. É que eles não sabiam administrar. Recomendava sempre que trabalhassem e procurava criar condições para isso. Esforçava-se para que despertassem para a dignidade pessoal, como convém a cristãos. E são inúmeros os seus milagres em favor dos pobres!
De há muito que Isabel, repleta de Deus, era mais do céu do que da terra. A oração a arrebatava cada vez mais. Suas servas atestam que, nos últimos meses de vida, frequentemente uma luz celestial a envolvia. Assim chegou serena e plena de esperança à hora decisiva da passagem para o Pai. Recebeu com grande piedade os sacramentos dos enfermos. Quando seu confessor lhe perguntou se tinha algo a dispor sobre herança, respondeu tranqüila: "Minha herança é Jesus Cristo !" E assim nasceu para o céu! Era 17 de novembro de 1231.
Sete anos depois, o Papa Gregório IX, de acordo com o Conselho dos Cardeais, canonizou solenemente Isabel. Foi em Perusa, no mesmo lugar da canonização de São Francisco, a 26 de maio de 1235, Pentecostes. Mais tarde foi declarada Padroeira das Irmãs da Ordem Franciscana Secular.


FREI CARMELO SURIAN, O.F.M.

As duas paixões de Isabel de Hungria

Queridos irmãos: OSenhor lhes dê a paz!

Inicia-se hoje, oficialmente, o 8º Centenário de Nascimentode Santa Isabel, princesa da Hungria, grã-Condessa de Turíngia e penitentefranciscana. Este jubileu, que diz muito especialmente aos irmãos e irmãs da Terceira Orden Regular(TOR) e da Orden Franciscana Secular (OFS), que se honram de tê-la comopatrona, há de ser também celebrado convenientemente por nós todos que somosparte da grande Família Franciscana, pois ela é, com toda justiça, uma de suasglórias.

E diante destacelebração jubilar, em profunda comunhão com toda a a Família Franciscana,particularmente com os irmãos e irmãs da TOR e da OFS, é lógico que nosperguntemos: Que mensagem nos dirige, Irmãos Menores, a figura de Santa Isabel?Que pode dizer aos franciscanos de hoje, uma mulher envolta na penumbra de umpassado remoto e em um mundo cheio de legendas? Que pode nos dizer esta mulherpassados tantos anos e tantas coisas?

Sua mensagem, e que a converte em uma figura realmenteatual, ganha força em suas duas grandes paixões: a paixão por Cristo e a paixãopelos pobres. Uma dupla paixão que a coloca em perfeita sintonia espiritual ecarismática com Francisco, a quem sem dúvida se inspirou, e com Clara, amboscorações conquistados por Cristo e conquistados pelos pobres, nos quaisdescubriram a Cristo. Toda sua vida, inclusive sua vida de extrema penitência,só pode ser entendida à luz destas duas paixões.

No caso de Isabel, sua paixão por Cristo levou-a assumir oEvangelho como sua forma de vida, e a vivê-lo no mais genuíno estilo deFrancisco: simplesmente, sem rodeios, em todos seus aspectos espiritual ematerial. Propósito este que se manifesta em suas atitudes existenciais maisprofundas, tais como: o reconhecimento do senhorio absoluto de Deus; aexigência de despojar-se de tudo e fazer-se pequena como uma criança paraentrar no reino do Pai; o cumprimento, até suas últimas consequências, domandamento novo do amor.

Ela não deixou nada escrito, mas numerosas passagens de suavida só podem ser entendidas a partir de uma compreensão literal do Evangelho.Tornou realidade o programa de vida proposto por Jesus no Evangelho:

>> Quem procuraganhar a sua vida , vai perdê -la; e quem a perde , vai conservá -la; Pois ,quem quiser salvar a sua vida , vai perdê -la; mas , quem perde a sua vida porcausa de mim e da Boa Notícia , vai salvá -la (Lc 17, 33; Mc 8, 35).

>> Então Jesuschamou a multidão e os discípulos . E disse : «Se alguém quer me seguir ,renuncie a si mesmo , tome a sua cruz e me siga . Pois, quem quiser salvar asua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim e da BoaNotícia, vai salvá-la (Mc 8, 34-35).

>> Jesusrespondeu : «Se você quer ser perfeito , vá , venda tudo o que tem , dê odinheiro aos pobres , e você terá um tesouro no céu . Depois venha , e siga -me(Mt 19,21).

>> Quem ama seupai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou suafilha mais do que a mim, não é digno de mim. (Mt 10,37).

Sua paixão por Cristo se manifestava e se alimentava graçasà uma comunhão profunda com Ele através de uma vida de oração intensa,contínua, às vezes, até o arrebatamento. A consciência constante da presença doSenhor era a fonte de sua fortaleza, de sua alegria, e de seu compromisso comos pobres. Mas também o encontro com o Cristo nos pobres estimulava sua fé esua prece, pois seu encontro com eles afazia “identificar-se” com eles. Nada estranho, pois na sua peregrinação paraDeus, estava marcada por passos decididos de desprendimento até chegar aodepojamento total como Cristo na cruz. Ao final não lhe restou nada mais queuma túnica cinza e pobre de penitência, que quis conservar como símbolo e mortalha.

Sua paixão porCristo, que sendo rico se fez pobre, levou Isabel a segui-lo radicalmente e a descobri-lo e servi-lo em seus“representantes, os pobres e crucificados da terra”, como disse o documentofinal de nosso Capítulo Extraordinário (Shc 9). Isabel servia pessoalmente aosabatidos, aos pobres e enfermos. Cuidou dos leprosos, a escória da sociedade,como Francisco. Dia a dia, hora a hora, pobre a pobre, viveu e consumiu amisericordia de Deus no rio de dor e de miséria que a envolvia. Nos desventurados,Isabel via a pessoa de Cristo (Mt 25,40). Isto lhe deu forças para vencer suarepugnancia natural, tanto que chegou até a beijar as feridas purulentas dosleprosos.

Forjada na formaevangélica de Francisco de Assis, como Poverello, e Clara, sua “Plantinha”,Isabel abandonou os romances e ambições do mundo, a pompa de sua corte, ascomodidades, as riquezas, os trajes de luxo… Deixou seu castelo e armou suatenda entre os desprezados e feridos para servi-los.

A santidade consiste em amar como Jesus amou. Amar a Deus eamar o próximo, dois mandamentos que não se podem separar. Paixão por Cristo,paixão pelos pobres, duas paixões que necessariamente vão sempre juntas. Tudo isso não será uma loucura? Sim, esta aloucura de amor que não conhece limites, é a loucura da santidade. E a deIsabel é uma autêntica loucura. Em sua vida brilha com singular esplendor asupremacia da caridade. Sua pessoa é um canto de amor, modelado no serviço eabnegação, para semear o bem. É esseamor que fez brotar nela uma ardente força interior, própria de uma “mulhervaronil”, como é Isabel, e levava-a irradiar alegria e serenidade, mesmo natribulação, solidão e dor. E fiel ao que escreveu: “Temos de fazer os homensfelizes”, conforme dizia às suas irmãs, Isabel alegrava o coração de quem a elase acercava. O fundo de sua alma estava habitado pelo reino da paz.

Isabel passou por esta vida como um meteoro luminoso deesperança. Lançou luzes na escuridão de muitas almas. Levou a alegria aoscorações dos aflitos. Nada poderá contar as lágrimas que secou, as feridas quecicatrizou, o amor que despertou.

Neste momento em que nossa Ordem está empenhada na renovaçãoprofunda para seguir “mais de perto” e “mais radicalmente” a Cristo, e quando oCapítulo Geral Extraordinário nos convidou repetidas vezes a “ser menores comos menores da terra”, Isabel se nos apresenta não só como uma mulherprofundamente evangélica, senão também como um modelo a seguir em sua paixãopor Cristo e pelos pobres.

Invoquemos a personalidade tão singular de Isabel, para que,através do conhecimento e da admiração por esta figura, todos quantos queseguimos a Cristo, seguindo os passos de Francisco, de Clara e de Isabel, nosconvertamos em instrumentos de paz e alegria, e aprendamos a derramar um poucode bálsamo nas feridas de nosso entorno, a humanizar o que nos rodeia, a secaralgunas lágrimas. Coloquemos nosso coração onde não há misericordia do Pai. Ocompromisso que viveu Isabel estimule nosso compromisso. Seu exemplo eintercessão iluminam nosso caminho até o Pai, fonte de todo o amor: o Bem, todoo bem, sumo bem; o silêncio e o júbilo.

Mensagem do Ministro Geral da Orden dos Frades Menores, Fr.José Rodríguez Carballo, OFM, no dia 17 de novembro de 2006, quando foi abertodo ano jubilar do 8º Centenário de Nascimento de Santa Isabel, que se encerrouno dia 17 de novembro de 2007.

fonte: Blog Fraternidade São Francico de Assis, Vila Clementino

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