28 junho 2009


A PAZ INTERIOR - A LUTA CONTRA AS TENDÊNCIAS DEPRAVADAS DA NOSSA NATUREZA


Por São Francisco de Sales

"Nosso Senhor nos dará a sua paz quando nos humilharmos e nos dispusermos a viver mansamente na guerra"

3 – O Desapego dos Bens deste Mundo:

Mas como reconhecer que o nosso coração não está comprometido com as riquezas? Pela maneira pela qual aceitamos ser privados delas. "Quando vos sobrevierem inconvenientes que vos empobreçam, de muito ou de pouco, como fazem as tempestades, os incêndios, as inundações, as esterilidades, os roubos, os processos, é a ocasião verdadeira de praticar a pobreza, recebendo com doçura essas diminuições de faculdades, e acomodando-se paciente e constantemente a esse empobrecimento. Esaú se apresenta ao seu pai com as mãos todas de pêlo, e Jacó faz outro tanto; mas como estava nas mãos de Jacó não se agarrava à sua pele, mas às suas luvas, podiam retirar-lhe o pêlo sem o machucar ou esfolar: ao contrário, porque o pêlo que estava nas mãos de Esaú estava preso na pele, que ele tinha toda peluda por sua natureza, quem lhe quisesse arrancar o seu pelo lhe causaria muita dor: ele teria gritado bastante, ter-se-ia esquentado bastante na sua defesa. Quando temos uma afeição demasiado viva aos nossos meios, se a tempestade, se o ladrão, se o rábula nos arranca alguma parte deles, que lamentações, que perturbação, que impaciências isso nos causa! Mas quando os nossos bens se prendem só ao cuidado que Deus quer que tenhamos deles e não ao nosso coração, se no-los arrancam, não perderemos por isso o senso e a serenidade. E a diferença entre os animais e os homens quanto às suas roupas: porque a vestimenta dos animais está pegada à sua carne, e a dos homens lhe está apenas aplicada, de modo que a possam pôr e tirar quando querem".

Nenhum comentário: