03 abril 2010

SÁBADO SANTO

 


1. Inicia-se na noite do Sábado Santo em memória da noite santa da ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a chamada "A mãe de todas as santas vigílias", porque a Igreja mantém-se de vigília à espera da vitória do Senhor sobre a morte. Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a benção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a liturgia da Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação; a renovação das promessas do Batismo e, por fim, a liturgia Eucarística.


SUGESTÕES PARA A CELEBRAÇÃO E A VIVÊNCIA DA LITURGIA
a) Pode continuar exposta durante o dia para a veneração dos fiéis, uma imagem do Cristo crucificado, ou morto bem como a imagem da Santíssima Virgem das Dores.
b) Pedir com antecedência que os fiéis tragam velas ou a paróquia oferece.
c) Evite-se com todo o cuidado que os salmos da vigília sejam substituídos por canções populares.
d) No canto do "Glória", tocam-se os sinos, e também se podem preparar fogos de artifício.
e) O círio Pascal é colocado no presbitério, ao lado do ambão. O pedestal onde ficará o círio poderá ser decorado com flores.
f) O tempo pascal vai até o dia de Pentecostes, nesse dia sairá solenemente do presbitério o Círio Pascal, o qual ficou todo esse tempo no presbitério. A partir desse dia só será usado, nas cerimônias do batismo e Crisma. (O Sacerdote poderá usar o Rito para apagar o Círio Pascal).

O que preparar:
Para o fogo:


a) Uma fogueira podendo ser na frente da Igreja e que seja bem expressiva, quer dizer, que sua luz possa clarear mesmo.
b) O Círio Pascal (que seja novo, nunca se deve reaproveitar o Círio do ano que passou).
c) Cinco cravos, com grãos de incenso colocados nos mesmos.
d) Um estilete, para fazer a incisão no círio.
e) Uma vela grande para o celebrante acender o círio com o fogo novo.
f) Lanterna para iluminar os textos que o celebrante há de recitar.
g) Pegador de macarrão, para o turiferário tirar as brasas acesas do fogo novo e colocá-las no turíbulo.
h) Candelabro para o círio pascal, posto junto do ambão.
i) Preparar um microfone e um bom som, para o celebrante e o comentarista, onde começará a cerimônia, com a bênção do fogo novo.


Para a liturgia batismal (se houver):

a) Recipiente com água;
b) Quando se administram os sacramentos da Iniciação Cristã: óleo dos catecúmenos, Santo Crisma, vela batismal, Ritual Romano.
c) Apagam-se as luzes da Igreja.
d) Mesmo não havendo batismo deve-se preparar um recipiente (sugiro talhas de barro) com água para a aspersão.
e) Caldeirinha (vazia) com hissope (ramos) para a hora da aspersão.
Benção do Fogo e Preparação do Círio:
a) O Celebrante vai com paramentos brancos, à sua frente vai um dos acólitos ou Ministro com o Círio Pascal.
b) Não se leva a cruz processional nem velas acesas.
c) O turiferário leva o turíbulo sem brasas com a naveta.


Procissão:


a) Depois de acender o Círio, o celebrante deita o incenso no turíbulo, se houver diácono ou padre concelebrante este levará o Círio Pascal, na falta destes o Celebrante principal o levará.
b) Organiza-se a procissão que entra na Igreja. À frente de quem leva o Círio (Padre ou Diácono), vai o turíbulo fumegando. Seguem-se outros ministros, coroinhas e todo o povo com as velas apagadas na mão.
c) À porta da Igreja, o celebrante (ou diácono) erguendo o Círio canta: "Eis a luz de Cristo!" e todos respondem: Graças a Deus!
d) Depois, o celebrante principal (ou diácono) avança até ao meio da Igreja, pára e, erguendo o Círio, canta a Segunda vez: "Eis à luz de Cristo!" e todos respondem: Graças a Deus! Todos acendem as suas velas. Passando o fogo de uns para os outros.
e) Ao chegar diante do altar, o celebrante (ou diácono) pára, e, voltado para o povo, canta pela terceira vez: "Eis a luz de Cristo!" e todos respondem: Graças a Deus! Em seguida coloca o Círio no candelabro preparado junto do ambão.
f) Acendem-se todas as luzes da Igreja.


Precônio Pascal:


a) O celebrante coloca incenso do turíbulo e benze-o como para o Evangelho na Missa.
b) Havendo diácono ou padre concelebrante este fará a proclamação da Páscoa.
c) Enquanto isso da cadeira o celebrante principal segura uma vela acesa na mão, de pé, para ouvir o precônio pascal.
d) Todos se conservam igualmente de pé com as velas acesas na mão.
e) Terminado o precônio pascal, todos apagam as velas e sentam-se.
f) Após a última leitura do Antigo Testamento, com o seu responsório e respectiva oração, acendem-se as velas do altar e é entoado solenemente o hino: "Glória a Deus nas alturas" neste momento tocam-se os sinos, e os demais instrumentos que até então estavam silenciosos. Neste momento, também o altar é decorado com arranjos de flores, que deverão estar preparados na sacristia.
g) Na proclamação do Evangelho, não levam as velas, somente o turíbulo fumegando.
h) Após o Evangelho, faz-se a homilia; proceda-se a liturgia batismal, se houver.
i) Havendo batismo, sua liturgia efetua-se junto a pia batismal ou mesmo no presbitério. Onde por antiga tradição, o batistério estiver localizado fora da Igreja, é lá que se tem de ir para a liturgia batismal.
j) Primeiro faz-se a chamada dos catecúmenos, que são apresentados pelos padrinhos ou se forem crianças, levados pelos pais e padrinhos.
k) A liturgia batismal acontecendo no presbitério, após a monição do celebrante principal, segue-se a ladainha cantada, à qual o povo responde, de pé, por ser tempo pascal.
l) Terminada a ladainha, o Celebrante principal, de pé, junto da fonte batismal, com as mãos estendidas, benze a água. Pode-se introduzir na mesma água o círio pascal, uma ou três vezes, como vem indicado no missal.
m) Terminada a benção da água e dita a aclamação pelo povo, o celebrante principal, interroga os “eleitos” adultos, para que façam à renúncia, segundo o Rito da Iniciação Cristã dos adultos, e os pais ou padrinhos das crianças, segundo o Rito para o batismo de criança.
n) Faz-se agora a unção com o óleo dos catecúmenos.
o) O celebrante interroga os eleitos a cerca de sua fé. Tratando-se de crianças, pede-se a profissão de fé dos pais e padrinhos ao mesmo tempo.
p) Após o interrogatório, o celebrante batiza os eleitos.
q) Terminado o batismo, acontece à unção com o óleo da crisma.
r) Após a unção o celebrante, acende a vela no Círio Pascal.
s) Terminada a oblação batismal e os atos complementares e efetua-se, o regresso aos bancos, em procissão e com as velas acessas. Durante o retorno, canta-se um canto batismal.
t) Sendo batizados adultos, é lhes administrado também o sacramento da confirmação.

Renovação das Promessas do Batismo:


a) Concluído o rito do batismo e da confirmação, ou, se não tiver havido nenhum nem outro, após a benção da água, o celebrante principal estando de pé voltado para o povo, recebe a renovação das promessas da fé batismal dos fiéis, que se conservam de pé com as velas acessas na mão.


b) Terminada a renovação das promessas do batismo, o celebrante principal ajudado pelos padres concelebrantes ou diáconos, se houver, asperge o povo com água benta, enquanto isso se canta um canto de sentido batismal.

c) Por fim, a missa decorre como de costume, e com solenidade.

d) Em algumas paróquias tem-se o costume de fazer a procissão do Senhor Ressuscitado e do triunfo de Nossa Senhora. Portanto, a Imagem de Jesus Ressuscitado, deve estar em um andor devidamente ornado para a procissão ou carreata após o término da Vigília pascal.

 

2. REFLEXÃO BÍBLICO-PASTORAIS

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.


Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.


O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: "O meu Senhor está no meio de nós". E Cristo respondeu a Adão: "E com teu espírito". E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará”.


Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: 'Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: 'Vinde para a luz!'; e aos entorpecidos: 'Levantai-vos!'


Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só é indivisível pessoa.


Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci a terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim no paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.


Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face às bofetadas que levei para restaurar, conforme a minha imagem, tua beleza corrompida.


Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.


Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.


Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o meio dos céus preparado para ti desde toda a eternidade". (De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo - Liturgia das Horas)

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