Julian e Adrian Riester passaram a vida toda juntos e fizeram as mesmas escolhas. O que poderia estar por trás dessa ligação tão forte?
Dois monges franciscanos, gêmeos idênticos, que passaram a vida toda juntos, morreram no mesmo dia, praticamente na mesma hora, da mesma doença.
Os gêmeos americanos Julian e Adrian Riester nasceram com poucos minutos de diferença e morreram no mesmo dia, 1º de junho, aos 92 anos, de insuficiência cardíaca. Pela manhã, faleceu Julian. À noite, foi a vez de Adrian.
Os dois estavam hospitalizados. Adrian recebeu a notícia de que o irmão tinha morrido e não resistiu. Mas será que alguém é mesmo capaz de decidir a hora de ir embora?
Em um filme caseiro de aniversário, os dois, sem saber, aparecem conversando com outras pessoas na mesma posição, com os braços para frente. Foi assim, tudo igual, tudo junto, desde a juventude.
Depois de cursar a mesma escola, os irmãos Riester pensaram em ser militares. Mas, na apresentação como voluntários, ambos foram recusados pelo exército: um tinha problemas de visão no olho esquerdo e o outro, no direito.
Oito anos mais tarde, mais uma vez juntos, Julian e Adrian decidiram seguir a vida religiosa. Entraram juntos para a Ordem dos Franciscanos aos 27 anos de idade. Pouco tempo depois, foram mandados para trabalhar em uma universidade na pequena cidade de Allegany, ao norte do estado de Nova York.
Em 1956, Adrian foi transferido para outra cidade. Julian permaneceu no lugar e ficou muito doente poucos dias depois. Ele visitou médicos, tomou remédios, fez tratamentos, mas só ficou bom mesmo, quando os franciscanos perceberam que os dois tinha que ficar juntos. Eles trouxeram Adrian de volta, Julian se recuperou e os dois seguiram trabalhando, lado a lado, até o fim da vida.
No funeral dos irmãos inseparáveis, parentes e amigos estavam tristes, mas confortados. O primo Brian diz que, durante toda a vida, Adrian e Julian foram as pessoas mais honradas que ele já conheceu. Brincou, dizendo que, quem sabe, o Papa deveria até transformar os dois em santos.
Perguntamos à diretora da universidade onde eles trabalhavam se ela acredita de verdade que poderia mesmo existir uma ligação inexplicável entre Adrian e Julian. Ela acha que, em certas vidas, existe mesmo uma profunda conexão entre as pessoas. E diz que, no caso dos irmãos Riester, ela foi muito mais profunda por causa do amor dos dois a Deus.
Gêmeos, casais, parentes que morrem quase ao mesmo tempo de causas naturais. O que poderia estar por trás dessa ligação tão forte? Como a do poeta Carlos Drummond de Andrade, que morreu duas semanas depois da filha, a escritora Maria Julieta, em 1987.
Um estudo feito na Universidade de Saint Andrews, na Escócia, mostra que o risco de morrer para quem fica viúvo aumenta em até 40% nos primeiros seis meses depois da perda do companheiro. O psiquiatra Miguel Chalub acha que pelo menos no caso dos frades americanos a resposta pode estar no código genético.
“Extinguiu-se a programação, e a pessoa morre, mesmo que não tenha conhecimento da morte do outro”, diz.
Mas ele acha que também que pode existir a certeza de que a vida fica impossível quando a pessoa mais querida vai embora.
“Quando um morre, é como se o outro ficasse desamparado, ficasse pendurado no ar. Foi-se embora uma parte minha. E algumas pessoas não conseguem lidar com essa perda e vão embora também, quer dizer, morrem também”, conclui.
fonte: site Fantástico
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